Somos carneiros e queremos mais como nós. Não, não estou a
falar de mim, nem de quem lê estas linhas, estou a falar do geral, do sistema.
Passo a explicar. Tenho um filho que entrou agora na escola, esse local onde
supostamente serão formadas as gerações futuras. E nada como começar o futuro
com o ensino da escrita manuscrita. Olho para o caderno dele e sorrio. Recordo-me
daquilo, uma coisa que também eu aprendi há cerca de trinta anos atrás. Para
logo me esquecer, diga-se de passagem. É mais ou menos isto (pois não encontrei
igual no “word”):
POBRE DO MEU PUTO!
Em maiúsculas, que são as mais chatas… E sim, pobre do puto.
Então perguntei-me… Qual é a razão disto? Não da escrita em si, que essa até
pode ajudar a aprenderem a ter alguma destreza manual, apesar de um dia se irem
esquecer, tal como eu, que tal coisa existiu. De tudo. Porque é que o ensino
continua igual ao que era há mais de 40 anos atrás? Se eu próprio já não preciso
para nada saber quem é que fez o quê, ou onde fica o quê… Posso ter essa necessidade,
eventualmente, mas tenho a informação na ponta dos dedos, num telemóvel, num
computador. A cultura geral já não é o que era, ninguém precisa de discutir,
basta ter um telemóvel. Debatemos ideias, não conhecimento. Para quê obrigá-los
a decorar uma série de factos, a encher a cabeça com informação que nunca lhes
vai ser necessária? Precisamos de pensadores, não de “memorizadores”. Precisamos de quem agarre na informação e saiba o
que fazer com ela, pois ela já está toda aqui. Estamos num ponto em que a
tecnologia não pára. Vivemos num mundo
em que não preciso de mais de quinze segundos para saber quem inventou o fecho
éclair (Whitcomb Judson), imaginem quando os nossos filhos forem adultos. Eles
demorarão quanto? Um? Então qual a razão do nosso ensino não evoluir? É
simples. Se damos o poder às crianças de levantarem questões, de olharem em
redor e perceberem o que está errado, de evoluírem, corre-se o risco de termos
nas mãos uma geração que pense por si própria, daquelas que são capazes de
iniciar a mudança, essa coisa que (perguntem a qualquer governo) ninguém quer. Por isso continuaremos carneiros, a formar carneiros.
Os pastores agradecem, ou nem sequer isso.
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